NOVAMENTE A ESTRADA
marco o tempo
pela distância entre os postes que se despedem de mim na estrada
não há por que ter pressa
abasteço-me de ausências
são muitos os buracos crescendo em meu caminho
entradas e saídas testam minha atenção
meus reflexos
reflexões vagas
de quem vaga
sem controle da direção
argonauta do asfalto
singrando a esmo
nos centros
nas margens
cidade-saudade
seres e máquinas
de todos
os tipos e marcas
me ultrapassam
placas
letreiros
out
doors
sinalizam
o quanto estou ultrapassado
uma recaída no retrovisor
agora não há mais retorno
o jeito é seguir na contramão
ALGA
algo
de
nós
nos
amarra
ao mar
como
amar
algo
que
se
sobressai
das
raias
do
chão
nos
faz
flutuar
como
se
algo
houvesse
entre
nós
e
o mar
Wélcio de Toledo é poeta, professor, pesquisador, doutor em Literatura pela UnB. Possui artigos, textos e poemas em diversas antologias, coletâneas e revistas literárias. Integra o Coletivo Anarcopoético que organiza ocupações anarcopoéticas em espaços abertos de Brasília, com música, poesia, exposições ao ar livre, performances e o que mais surgir de arte. Publicou quatro livros de poemas e um de contos. Em 2023 publica mais dois livros, um acadêmico e outro de poemas.